sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Do diário de viagem - 18/04/2008

Ontem fui dormir preocupado. Nossa viagem já está totalmente planejada, e hoje é o grande dia. Embarcaremos rumo a Santa Cruz de La Sierra, primeiro de nossos destinos. Passagens aéreas compradas, trechos terrestres contratados, vouchers de passeios encomendados. Dentro das mochilas, tudo que imaginamos precisar durante todos os dezoito dias previstos de aventura. Não contava com o tal referendo boliviano, programado pro dia exato de nosso embarque de volta, 04 de Maio de 2008. Foi uma noite longa e angustiante...

A Bolívia, país que nos acolherá em nossa primeira etapa, não estava passando por momentos de ebulição política quando começamos a traçar nossas primeiras rotas, mais de um ano para trás. Agora, a menos de vinte e quatro horas de nossa partida, notícias de bloqueios e paralisações no país deixam-me apreensivo. O departamento de Santa Cruz, o maior e mais desenvolvido economicamente, organiza um referendo para decidir se inicia um processo de emancipação política do governo central, La Paz. Estaremos naquele território justamente na data de nosso retorno ao Brasil, e eu mal consigo conter a ansiedade!

Hoje foi como se todos os clientes do banco soubessem que seria o meu último dia antes das férias! Foi corridíssimo. Apesar de todo o estresse, me ajudou a esquecer um pouco de tudo que se passa no país vizinho. Estou convencido de que é bobagem me preocupar tanto, e com tanta antecedência, com o que pode (ou não) acontecer. Acho que estou exagerando! No final do dia relaxei. No saguão do aeroporto, a ficha ainda não tinha caído. Quando o avião começou a ganhar velocidade, nada parecia real! O carinha que sonhou lá atrás tudo isso um dia ser possível me despertou num tapa. “Acorda, camarada! É aquele nosso velho sonho, mesmo!”

O vôo transcorreu tranquilo. Antes de desembarcar em terras cusquenhas, preenchemos e entregamos dois formulários de imigração, que foram coletados sem sequer serem examinados. Controle de governo, disseram. Carimbos nos passaportes, e seguimos adiante. Testei meu portunhol. Nada! Tomei um jato de castellano na cara! E eu que achava que manjava do idioma só porque conseguia fazer compras normalmente no Shopping China, em Pedro Juan!

Primeira observação deste motociclista em território boliviano: praticamente não há motos no país. talvez porque acha-se um carro por cerca de 3 mil dólares. Está fazendo bastante calor. Fomos numa boate de brasileiros, inclusive no som. Enchi a cara de Paceña!

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