segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Rumo a Machu Picchu - etapa 4

Atravessamos a fronteira, e fomos a Cuzco.

Imagens 4 - Fronteira e Cuzco

Entrando no Peru (vaaaai, faaaaz a piaaada...)
A chuparita. espero que eles lavem essa mangueirinha de vez em quando...
Engorda, cuyzinho, engorda!
A foto saiu ruim, mas esse lugar é bem legal. Em Copacabana, na rua do quartel da marinha boliviana (sério!) Serve umas comidinhas mexicanas, e tem uns joguinhos disponíveis pros clientes. Só não encontrei bozó...

Rumo a Machu Picchu - etapa 3

Aqui o vídeo remanescente de La Paz, nossa passagem pela montanha gelada! Ainda duas passagens pelo Titicaca, ida e volta, compiladas num vídeo só.

Do diário de viagem - 25/04/2008

Será que hoje dá certo? Com a dúvida levantei-me, um pouco mais disposto. O café da manhã foi revigorante, e uns goles de chá de coca me fizeram bem. Aprontamo-nos e partimos pra rodoviária (na verdade uma praça no centro da cidade) pra ver se conseguimos embarcar pra Puno.

Deu certo. Pegamos nova jardineira, e pé na estrada! Na fronteira paramos, descarregamos as bagagens, e atravessamos a pé até o Peru. Lá, passaportes carimbados, pegamos uma vanzinha até Puno, e daí sim um ônibus melhorzinho.

Serão quase dez horas até Cuzco. Estou ansioso por conhecer essa cidade, sobre a qual tanto li e pesquisei nos últimos tempos! No caminho o ônibus pára, e entram índias vendendo todo tipo de coisa. Uma delas, com as mãos da cor do chão, oferecia "helados", que a vimos preparar nas casquinhas com as próprias mãos sujíssimas! Os gringos topam! "One for me, please!" Aff...

Cuzco é surpreendente! Mais frio do que pensei, maior do que imaginei e simplesmente linda! Estamos hospedados perto da Plaza de las Armas, bem no centro. Fantástico! Tem de tudo, recebemos convites para danceterias em que você entra sem pagar e ainda toma um drinque, ofertas de artesanatos, quadros de arte, drogas...

Jantei Cuy assado! O gosto é bem forte, acho que não comerei mais, foi só pra conhecer. Tomei la Chicha, um fermentado de milho que não me pergunte como é feito... experimentamos chuparita também, é uma pinga com ervas e frutas, dizem que é digestivo. Se é não sei, mas que é forte pra caramba, isso é!

Imagens 3 - Copacabana

Vista do lago, cheio de barquinhos. Parece o mar neah?Uma foto dentro do hotel, em Copacabana (Bolívia)

A jardineira que nos levou de La Paz a Copacabana! Detalhe para as bagagens, no teto! Os gringos adoram, estava cheia deles...

domingo, 14 de dezembro de 2008

Do diário de viagem - 24/04/2008

Hoje tivemos uma baita surpresa! Sairíamos sete e meia, rumo a Cuzco, no Peru. Porém, ao chegarmos na rodoviária de La Paz, descobrimos que havia um bloqueio na cidade de Puno, que também fica no Peru, às margens do lago Titicaca. Portanto o ônibus não sairia. Parece que alguns camponeses por lá estão descontentes com alguma coisa e, a exemplo de nossos sem-terra, bloquearam a estrada a título de protesto. Lá como cá, o que é que nos temos a ver com isso?

Enfim, o que faremos? Nosso plano furou! N. propõe mais um dia em La Paz. Assim amanhã, findo o tal bloqueio, seguimos com o itinerário com um dia de atraso. Mas hoje já é o quinto dia de La Paz! Resolvemos que queremos conhecer um lugar novo, e decidimos partir imediatamente para Copacabana, na beira do lago. N. não ficou muito satisfeito, acha melhor esperarmos o ônibus leito, já que se fizermos a alteração viajaremos num ônibus simples, turístico. Mas ainda assim, é o que faremos.

Não pensamos, porém, que o ônibus seria TÃO simples! Uma jardineira sem bancos reclináveis, e com bagageiro no teto. Como todos os ônibus por lá, também sem banheiro. Foi uma looonga viagem, com direito a quilômetros rodados com vista para o lago, que parece não acabar nunca!

Eu comecei a me sentir mal ainda no ônibus, mas quando chegamos no hotel a coisa desandou... indisposição, corpo moído, cabeça doendo, etc. Acabei dormindo o dia todo, tentando me reestabelecer, e não aproveitei nada de Copacabana, passei o dia baqueado. Ver o lago mais de perto ficou pra outro dia...

domingo, 7 de dezembro de 2008

Imagens 2 - La Paz

Placa em frente ao busto do ex-presidente Gualberto Villarroel, assassinado em 1946.E o busto dele em frente ao poste em que revolucionários o enforcaram.
Um lugar muito bacana que encontramos na calle Linares, vale a pena comer o crepe!
A placa que fica em frente ao local. Tomamos vinho e relaxamos muito lá, bem legal mesmo!
Uma tchola típica.

Imagens 1 - La Paz

Praça Murillo, bem no centro de La Paz, próxima ao parlamento e ao palácio de governo.
Uma local carregando sua criança da maneira habitual.

Na rua das bruxas, peiotes a venda.

Também na rua das bruxas, fetos de llama para rituais.

A planta da tuna, uma frutinha que comemos.

Do diário de viagem - 23/04/2008

Saímos cedo pra conhecer a montanha chamada Chacaltaya. O guia, Juán, tem muito conhecimento e muita dedicação para explicar as coisas.

Ainda na van, começou falando sobre La Paz, que foi fundada após uma disputa entre os colonizadores espanhóis pelas minas de prata em Potosi. (aliás, aproveite e compre coisas de prata, se você curte, porque aqui é barato!). La Paz teve uma sede inicial perto das ruínas de Tiahuanaco, mas devido a altitude e ao frio, mudaram pra dentro do vale.

Era rota para quem ia para o noroeste e o pacífico. Juán falou sobre as tcholas e seus costumes, sobre as nações que formam a Bolívia e sobre a semelhança linguistica entre o Aimará e o Japonês, que é realmente uma coisa curiosa. Muitas palavras são semelhantes, e a palavra que identifica "cão" é bem dizer uma só! Acredita-se que haja uma raiz comum, e que povos oriundos das filipinas tenham vindo através do estreito de Bering para a América do Sul.

Falou sobre a guerra da Bolívia com o Chile, e da guerra pelo chaco, contra os paraguaios. Aliás que a Bolívia não ganha uma, podia até ser sido colonizada por franceses! Falou sobre a participação de Simón Bolívar (venezuelano) pela independência do país e que o país se chama Bolívia em virtude dele.

Fomos para a montanha, e lá estava ainda MAIS frio. Para chegar ao topo saímos de 5.300 metros e sumbimos até 5.400, numa caminhada diagonal de 300 metros. Gastei 45 minutos! O ar faltava, o coração parecia que ia explodir. A chegada é recompensadora, a paisagem é explêndida. Descemos e fomos almoçar.

Comi um tal de Pacumoto. Trata-se de chorizo, frango, carne bovina e batata, tudo assado. É típico das regiões de selva da Bolívia. Sinceramente, não vi muita vantagem! As gurias comeram truta do lago Titicaca. Tomamos uma limonada aguada e pronto, barriga cheia!

Estávamos sozinhos dessa vez, apenas nosso grupo. Isso é legal, porque o guia fica dedicado e fala em apenas um idioma. N. é nosso tradutor simultâneo, mas Juán fala devagar, então poucas palavras não entendemos... fizemos um city tour, e descobrimos a La Paz rica e bonita. Os endinheirados vivem bem, em casas confortáveis e nas regiões mais baixas da cidade, de clima mais ameno. Fomos à praça Murilo (nome do líder defensor na guerrra contra o Chile) onde está o palácio do governo e o parlamento.

Há também na praça um busto de um presidente que tentou implementar a igualdade entre os ricos senhores e os campesinos. Sofreu um golpe, e o busto fica bem em frente ao poste em que ele foi enforcado! No centro da praça há um monumento que, de cada lado, tem escritos os valores em que o país acredita. Juán nos contou uma curiosidade: estranhamente, mesmo tendo muitos pára-raios em torno da praça, um relâmpago atingiu o monumento em 2003 partindo exatamente ao meio a palavra “união”. Desde então movimentos separatistas e dissidências assombram o país. Uma outra curiosidade: há alguns engraxates pela praça, e todos eles usam um tipo de balaclava de lã cobrindo o rosto. Juán disse que são jovens que o fazem porque tem outras ocupações ou estudam a noite, e temem hostilidade ou preconceito por desenvolverem tal atividade.

De lá fomos à calle de las Brujas, ver as coisas que os xamãs andinos usam em oferendas e na medicina indígena (medicina é artigo de luxo por lá) muito popular. Fomos também ao vale da lua, mas não achei grandes coisas não... o que achei interessante é que lá pude ver a planta do peiote, isso é legal. Tem um outro cacto, chamado Tuna, que dá uma frutinha que nós comemos na sobremesa do almoço, bem boazinha... tem também um bicho chamado biscatcha, mas infelizmente não achamos. Perguntei se era comestível, e o guia deu um sorrisinho matreiro. É amigo, Juán é guia profissional a bastante tempo, e pelo jeito já conheceu muito brasileiro...

sábado, 6 de dezembro de 2008

Rumo a Machu Picchu - etapa 2

Aqui nossa passagem por Tiahuanaco, e nosso downhill. Esse só vendo as imagens, não tem muito o que falar, muito bom!

Do diário de viagem - 21/04/2008

Rolei na cama, dormi mal. Minha rinite crônica está enchendo o saco. A cabeça às vezes dói um pouco e pára. Parece que meu coração está mais rápido, mas não sei, talvez seja apenas impressão.

Acordaríamos seis e meia pra tomar café pelas sete, pois a van que nos buscará pro passeio está marcada pras oito. mas levantei cinco e meia e não dormi mais!

Visitamos hoje o sítio arqueológico de Tiahuanaco, uma civilização anterior a dos incas. Impressões do museu: interessante a interpretação que eles davam pro conhecimento. As classes sociais eram divididas por conhecimento, era melhor posicionado socialmente aquele que demonstrasse maior sabedoria.

Muito bacana a galeria de crânios, todos deformados! Eles deformavam a cabeça das crianças com moldes de madeira, pois acreditavam que quanto maiores ficassem, mais sábias elas seriam. Pelo jeito eu seria um gênio na antiga Tiahuanaco! Escolhiam as crianças que passariam pela deformação através de demonstrações de desenvolvimento prematuro, como andar antes das outras, ou falar antes das outras.

Muito legal também perceber como desenvolveram uma habilidade única na combinação de metais, um equilíbrio diferente para cada utilização.

Visitamos o local aonde foram encontradas muitas múmias, e é bem bacana o motivo pelo qual elas se encontravam em posição fetal. Ali era o lugar para recomeçar em uma nova vida!Conta o guia que um dia por ano eles iam lá e faziam oferendas aos mortos, pois acreditavam assim ajudá-los na jornada.

Do diário de viagem - 20/04/2008

Essa nossa viagem até aqui, La Paz, foi muito cansativa. De noite, subindo os Andes, faz um frio DO KCT dentro do onibus! Ficamos no Hotel Condeza, que fica na parte mais turística da cidade, próximo a feiras de comércio e numa região muito frequentada por gringos do mundo inteiro. Ficamos num bom quarto, mas não gostei do banheiro. O chuveiro faz muita lambança!

Almoçamos num lugar chamado Jackie Chan, comida chinesa, bem pertinho do hotel. Aqui na Bolívia sempre vem uma sopinha de um qualquer coisa antes do prato principal. pra dar um tapa no frio... comi frango agridoce, nada de mais. Ainda estou acostumando com os preços. A refeição toda + o refri deu pouco mais de dois dólares. Dois!

Depois, fomos às compras. Não curti o passeio (tava meio sem grana, e a rua era uma ladeira desgraçada, e a altitude tava fazendo seu efeito chato) e voltei sozinho pro hotel, a pé. Minha primeira impressão de La Paz é a de que se trata de uma cidade com muitos contrastes. Mas, infelizmente, suja, bagunçada e pobre, com um comércio todo baseado em barracas de rua.

Dormi a tarde, indisposto. Tudo que faço, até virar na cama, me faz ofegar. N. e as meninas foram aparecer pelas oito da noite, cheios de compras! Acharam muita coisa barata, mais precisamente roupa.

Fomos jantar no Mongo's bar, um pub para estrangeiros, mas tava meio parado. O mojito (drinque) é bom demais! Comi a carne de llama, e de sobremesa um cheese cake muito bom! A carne é muito semelhante a carne de boi. Parece com um filé mais adocicado, eu diria.

Amanhã é o dia do nosso primeiro passeio oficial... tomara que a altitude pare de fazer eu me sentir mal!

Amigos de verdade

O J. nos mostrou esse vídeo um pouco antes de saírmos. É muito bonito, resolvi postar aqui...

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Do diário de viagem - 19/04/2008

Acordei umas oito e pouco, uma baita dor de cabeça! Esse negócio de cerveja de água andina não me fez bem, eu acho... bom, nunca fui forte pra álcool, mesmo. Café da manhã: pão + café + suco. Nem uma frutinha!

Andei por aí, em volta do hotel... nunca tinha pensado que seria tão difícil me comunicar em castelhano. Ninguém entende NADA que eu falo! Meu ouvido esquerdo ainda está surdo por causa da pressão no pouso, ontem.

Almoçamos em um restaurante brasileiro (e como tem brasileiro em Santa Cruz!) e consegui a façanha de matar a minha fome com 49,50 bolivianos. Noves fora vai um, dá 6,66 dólares. Com o dólar a 1,65 reais, dá 10,89 lascas. Fantástico! No Brasil eu jamais conseguiria isso num restaurante a quilo!

Fomos numa feira local de roupas, tudo muito bom e barato. Fica no bairro lindo, se não me engano. N. conhecia C. de Campo Grande, e este nos apresentou J. Os dois acabaram passando o dia nos "ciceroneando", e foi bacana. Nos deram muitas informações acerca do país e da conjuntura atual.

Estou impressionado com o custo das coisas! Com 8 bolivianos (em média) vai-se aonde quiser. Menos de um dólar. Um! E você leva o que estiver carregando, os taxistas não tem preguiça não! No final do dia fomos pra casa de J., fizemos um lanchão de pão com bife entre coisas mais, e daí vazamos pra rodoviária. Rumo a La Paz!

Rumo a Machu Picchu - etapa 1

Nossa passagem por Santa Cruz e La Paz!

Do diário de viagem - 18/04/2008

Ontem fui dormir preocupado. Nossa viagem já está totalmente planejada, e hoje é o grande dia. Embarcaremos rumo a Santa Cruz de La Sierra, primeiro de nossos destinos. Passagens aéreas compradas, trechos terrestres contratados, vouchers de passeios encomendados. Dentro das mochilas, tudo que imaginamos precisar durante todos os dezoito dias previstos de aventura. Não contava com o tal referendo boliviano, programado pro dia exato de nosso embarque de volta, 04 de Maio de 2008. Foi uma noite longa e angustiante...

A Bolívia, país que nos acolherá em nossa primeira etapa, não estava passando por momentos de ebulição política quando começamos a traçar nossas primeiras rotas, mais de um ano para trás. Agora, a menos de vinte e quatro horas de nossa partida, notícias de bloqueios e paralisações no país deixam-me apreensivo. O departamento de Santa Cruz, o maior e mais desenvolvido economicamente, organiza um referendo para decidir se inicia um processo de emancipação política do governo central, La Paz. Estaremos naquele território justamente na data de nosso retorno ao Brasil, e eu mal consigo conter a ansiedade!

Hoje foi como se todos os clientes do banco soubessem que seria o meu último dia antes das férias! Foi corridíssimo. Apesar de todo o estresse, me ajudou a esquecer um pouco de tudo que se passa no país vizinho. Estou convencido de que é bobagem me preocupar tanto, e com tanta antecedência, com o que pode (ou não) acontecer. Acho que estou exagerando! No final do dia relaxei. No saguão do aeroporto, a ficha ainda não tinha caído. Quando o avião começou a ganhar velocidade, nada parecia real! O carinha que sonhou lá atrás tudo isso um dia ser possível me despertou num tapa. “Acorda, camarada! É aquele nosso velho sonho, mesmo!”

O vôo transcorreu tranquilo. Antes de desembarcar em terras cusquenhas, preenchemos e entregamos dois formulários de imigração, que foram coletados sem sequer serem examinados. Controle de governo, disseram. Carimbos nos passaportes, e seguimos adiante. Testei meu portunhol. Nada! Tomei um jato de castellano na cara! E eu que achava que manjava do idioma só porque conseguia fazer compras normalmente no Shopping China, em Pedro Juan!

Primeira observação deste motociclista em território boliviano: praticamente não há motos no país. talvez porque acha-se um carro por cerca de 3 mil dólares. Está fazendo bastante calor. Fomos numa boate de brasileiros, inclusive no som. Enchi a cara de Paceña!

Dicas - 2

1 - Pretende pegar o trem da morte? Pois saiba que ele virou o tren de vida! Não viajamos nele, mas creio que a emoção é a mesma independente do apelido. Clique aqui e saiba preços, horários e detalhes.

2 - Se você fala castelhano fluentemente, pule essa! Mas se você tá na base do "portunhol" brabo, atenção: algumas palavras podem causar desentendimentos por lá. É o caso de esbarrar em alguém e dizer "opa", que pra eles é algo como "tonto, bobo". Também no táxi não diga "corrida". Pra eles pode significar "dar umazinha".

3 - Atenção às guias que você recebe para preencher antes da entrada no país destino. Preencha corretamente, e lembre-se de carimbar na aduana de entrada, ou terá problemas ao deixar o país. Os funcionários de lá não estão lá muito preocupados com a vida, e se você não for lá e pedir o carimbo, pode passar batido. Na saída, vão querer te cobrar uma multa. Portanto se liga!

4 - Cuidado com os táxis do tipo TRUF (em Santa Cruz tem um monte!). Esse carro faz uma linha específica, e aceita quantos passageiros couberem nele!

5 - A cada parada de ônibus vendedores cercam todo mundo, com todo tipo de porcaria. Evite comprar, especialmente gêneros alimentícios. É um pessoal sem muito asseio...

6 - Os ônibus de lá invariavelmente não tem banheiro! Vá preparado e, se precisar fazer um pips, peça ao motorista para que pare, nem que seja na estrada mesmo. Não tem esse lance de parar a toda hora, como acontece por aqui! Ou então, leve fraldas geriátricas...

Dicas - 1

1 - Tanto no Peru quanto na Bolívia, a palavra de ordem é propina, isto é, gorjeta. Tudo é pago, especialmente o acesso aos banheiros. Não importa se o chão é de granito e a louça é de primeira, ou se o chão é de terra batida e a louça... potz, não tem nem louça? Pois é, é isso aí! Há lugares em que os baños são um horror, e nem por isso são gratuitos. Leve com você um papel higiênico, que ninguém é de cortiça, e o seu número dois rolará tranquilo. Tenha sempre moedinhas trocadas no bolso, e cuidado com a comilança.

2 - Nunca pague nada de primeira, sem pechinchar! Pra nós brasileiros soa folclórico, mas por lá é absolutamente natural, uma cultura local, mesmo. Sabendo conversar, não se espante em conseguir, geralmente, a metade do preço inicial!

3 - Meus companheiros de viagem não concordam, mas eu penso que quanto menos bagagem, melhor. Você vai querer comprar um monte de coisa pra trazer, e precisará de espaço. Então deixe vinte cuecas e leve só cinco. Deixe dois tênis e leve um, e assim por diante! Se você precisar de alguma coisa por lá que você não levou, simplesmente compre. Exceto pela trilha, você estará em centros urbanos, e não num episódio de Man vs. Wild ao lado de Bear Grylls. E quanto à sua roupa, simplesmente lave! As lavanderias de lá fazem um serviço bonitinho e MUITO barato (eu gastava um dólar pra lavar a roupa de cinco dias!)

4 - Leve cadeadinhos pequenos e mantenha sua(s) mochila(s) lacrada(s). Com a gente não aconteceu nada, mas com pessoas dos grupos que conhecemos aconteceu. Imagine ter seu passaporte roubado! Um casal em La Paz nos reportou este malogro. Fique esperto, e atento a seus pertences! Não dê uma de gringo deslumbrado, como fazem muitos em nosso litoral. Ladrão tem em todo lugar do mundo.

Planos - Nona parte

Tem gente que curte esse lance de check list. Eu adoro! Arrumei minha mochila roubando idéias de um monte de gente que encontrei pela Internet em relatos, blogs e via MSN. Recomendo ainda a comunidade Machu Picchu Brasil, no Orkut. Tem um monte de gente lá disposto a compartilhar informação, e pode ajudar bastante se você está com dúvidas.

Segue meu check list geral (eu imprimo e levo junto, e vou ticando a cada saída de hotel, com medo de esquecer alguma coisa. Diga que eu não sou maluco, diga que faz o mesmo, por favor! =P):

1 - Mochila cargueira:
  • 4 camisetas
  • 2 bermudas
  • 1 bermuda térmica
  • 1 calça jeans
  • 1 sunga
  • 5 pares de meia
  • 5 cuecas
  • 1 bota de caminhada
  • 1 tênis confortável
  • 1 chinelo
  • 1 meia grossa de lã
  • 1 casaco
  • 1 boné
  • 1 par de luvas
  • 1 conjunto impermeável (ou capa de chuva)
  • necessaire
  • filtro solar
  • repelente de insetos
  • papel higiênico
  • clor-in 1
  • "farmacinha"
2 - Mochila pequena:
  • livro
  • canivete suíço (O meu é de estimação, ando com ele todo dia, aonde vou. Mania...)
  • câmera + carregador + pilhas/bateria + memory card
  • caderno de notas + caneta
  • ipod ou similar
  • lanterna
  • toalha de rosto
  • tereré
  • óculos escuros
  • cartões de crédito internacionais
  • kit costura emergencial
  • sacos plásticos (Pra por o tênis, pra embrulhar as coisas na mochila, pro seu lixo, etc.)
  • fósforos e sal (Neura que adotei a anos... acho q nem Freud explica...)
  • passaporte + documento de identificação com o qual fez a reserva (caso da trilha inca)
  • dicionários de tradução
  • carteira de vacina internacional
  • travesseiro inflável (Utilíssimo nos ônibus!)

Planos - Oitava parte

Um lembrete MEGA importante: leve com você o documento com o qual você fizer a reserva da trilha. Nosso grupo fez a reserva com o RG, porque não tínhamos tirado ainda os passaportes quando fizemos a solicitação. Nossa querida japinha levou somente seu passaporte, e por pouco não fomos barrados no controle de acesso. Foi preciso muita lábia do nosso guia pra dar um “jeitinho peruano”. Acredite, eles são muito criteriosos e organizados, portanto seja precavido.

Planos - Sétima parte

Recomendo que você comece a considerar a reserva da trilha com no mínimo quatro meses de antecedência. Aqui vai um descritivo do clima por lá (roubado de outros lugares), pra você escolher o mês que melhor se enquadrará ao seu planejamento:

  • Janeiro - mês em que chove bastante por lá;
  • Fevereiro - nesse mês a trilha fecha para manutenção;
  • Março - ainda chove muito;
  • Abril - é um bom mês, chove pouco e a temperatura é legal;
  • Maio - começa a lotar... a temperatura cai, mas é bom;
  • Junho - muito frio;
  • Julho - muito frio;
  • Agosto - temperatura melhora, mas é o mês mais lotado;
  • Setembro - melhor mês! Temperatura amena e pouca chuva;
  • Outubro - começa a chover mais, mas ainda é bom;
  • Novembro - pouco frio e já chove com uma certa regularidade;
  • Dezembro - chove mais regularmente, temperatura legal.

Planos - Sexta parte

Considerando que você que está lendo este blog não é um completo alienado com relação a Machu Picchu e tudo que envolve a viagem até lá, digo DE NOVO: se pretende ir pela trilha inca, coloque na cabeça que precisa se organizar com antecedência. É essencial para que sua viagem seja bem sucedida dentro do prazo e época que você estabeleceu, e sem contratempos.

A principal razão é que o caminho tem acesso limitado! Portanto se você deixar para a última hora, pode não encontrar vaga e acabar excluindo da jornada a parte mais legal dela! Nosso grupo conheceu no caminho alguns brasileiros que já estavam lá pelo Peru e Bolívia, e não conseguiriam fazer a trilha porque não haviam feito a reserva.

A trilha, hoje, é totalmente turística. Super organizada, muito bem delineada, e você não sai andando como quiser, parando em qualquer lugar, fazendo fogueiras e nada disso. Claro que é no mato, é puxado, é rústico, é selvagem, uma aventura e tanto. Mas não é uma loucura hippie andar por ela. Tem toda uma estrutura, os guias são bem preparados, e tem os porteadores pra armar as barracas, fazer a comida, e até levar a sua mochila se você assim desejar. Tudo é controlado pelo governo do Peru e, portanto, você OBRIGATORIAMENTE terá que contratar uma empresa de turismo que lhe guie no caminho até a velha montanha dos incas. E tem plano pra todos os gostos, deixo a seu critério escolher. Nós fomos com a Teresa da Andes Journeys. O atendimento dela foi impecável! Excelente, o guia que nos acompanhou é um cara muito carismático e sabe tudo sobre os incas! A Teresa é super atenciosa e eficiente, e não tivemos nenhum tipo de problema nem na remessa do dinheiro, nem na nossa recepção em Cusco, e nem durante o trajeto a Machu Picchu. Além do que foi a empresa que fez o melhor preço pra nós, e que respondeu o e-mail que mandei dentro do prazo mais razoável (menos de um dia pra resposta). Pra te facilitar a vida, fiz uma lista com TODOS os e-mails que constavam no site oficial da trilha na época (final do ano de 2007) e mandei uma mala direta em inglês. Se quiser copiar a lista, taqui:

info@absoluttravel.com; qhapaqnan@hotmail.com; info@adventureholidaysperu.com; adventureworldinca1@hotmail.com; nantikatours@hotmail.com; jisa_tour@hotmail.com; info@transtawa.com; peruviantrek@hotmail.com; arsatours@hotmail.com; lola_ka1@hotmail.com; pumastrekperu@hotmail.com; info@alltrekcusco.com; amazinadventuresperu@yahoo.com; info@amazingperu.com; reservas@amazonandesperu.com; info@adventurescuscotours.com; afaturism@hotmail.com; reservas@andeananventures.com; info@andeandiscoveries.com; andean_explorers@hotmail.com; info@andeanexpresstravel.com; andes_journeys@hotmail.com; andeanlife@terra.com.pe; salkantaytour@hotmail.com; contac@apumayo.com; apusworldperu@hotmail.com; vroger@qenqo.rcp.net.pe; perou@amerique-latine.com; basecamp@infonegocio.net.pe; reservations@bramaexpeditions.com; campingtreks@hotmail.com; info@chaskatours.com; cocatambo@hotmail.com; colibritravel@terra.com.pe; condor-cusco@condortravel.com; contactoaventura@terra.com; contitur@terra.com.pe; info@culturasperu.com; cuscoexplorer@yahoo.com; info@cuscohiking.com; daylitours@hotmail.com; tripecoadventure@hotmail.com; info@ecowaykis.com; judith@ecoandesadventures.com; info@ecoinka.com; dorado_expeditions@hotmail.com; info@enigmaperu.com; epitours_adventure@hotmail.com; exotic@terra.com.pe; expeandes_ag@terra.com; manuvilca@terra.com.pe; jmanuel@explorandes.com; expottour@speedy.com.pe; sales@fiestatoursperu.com; foreveryoung@hotmail.com; frontier@planet.com.pe; grado10peru@hotmail.com; greenlifeexpeditions@hotmail.com; gregoryadventureperu@hotmail.com; high_ascents-expeditionstreks@hotmail.com; highland@dd.com.pe; info@hikingperu.com; info@incaexplorers.com; info@incaperutravel.com; incatrail3000@hotmail.com; info-cusco@incalandadventures.com; info@inkasitesadventures.com; inkasunrise7@hotmail.com; ink@peru.com; info@inkastravelservice.com; postmaster@inkanatura.com; inkaways@terra.com.pe; instimtravels@hotmail.com; instinct@chavin.rcp.net.pe; challenger@hotmail.com; intikuntur@hotmail.com; info@ecotrekperu.com; info@flamencotravel.com; x-treme.peru@terra.com; jacuperucho@hotmail.com; reservas@jenlyadventures.com; kintuexp@terra.com.pe; info@kipachiperu.com.pe; contac@kiswar.com; info@klasseadventure.com; maritza_ink@hotmail.com; landscapetours_@hotmail.com; reservas@letsgoinkatrail.com; arenasliz@hotmail.com; info@colca.de; llamapathcusco@hotmail.com; loretotours@planet.com.pe; info@machetetours.com; tomapianbeyond@hotmail.com; mapianyta@hotmail.com; machupicchumuw@hotmail.com; anventure@manuexpedition.com; ventas@mavatravel.com; chando@mayuc.com; nnaotour@yahoo.co.jp; natystravel@terra.com.pe; oroverdeperu@hotmail.com; mendojavi@hotmail.com; reservas@panoramacuscotravel.com; reservations@shareinperu.com; perualive@terra.com; peruatravel@peruatravel.com; cloudforestadv@hotmail.com; cusconova@yahoo.com; info@perucrossingtheandes.com; info@peru-planet.net; perutraveladventures@hotmail.com; info@perutravelexpeditios.com; perutravelreps@hotmail.com; info@perutreks.com; postmas@patcusco.com.pe; info@peruvianexplorer.com; peruvianhighlandtreks@hotmail.com; info@peruvianinkastrek.com; info@peruviansacred.com; tucanperu@hotmail.com; pumas_adventure@yahoo.es; qente@terra.com.pe; qorigio@terra.com.pe; qosqomistico@hotmail.com; quechuasexpeditions@hotmail.com; info@qyechuasperu.com; yanayacolodge_manu@hotmail.com; royalcrownadventures@yahoo.com; info@sacaexpeditios.com; sacred_valley@viavcp2.com.pe; reservas@samaritravel.com; skycusco@terra.com.pe; info@sastravelperu.com; info@southamericantravelss.com; infosungate@hotmail.com; sunriseperu@terra.com; suritravelcusco@yahoo.es; info@tgtravelperu.com; info@thinairoutfitters.com; terandes@terra.com.pe; info@tierrasvivas.com; info@waykitrek.com; info@trekperu.com; trebol_expeditions@hotmail.com; tropical.receptivo@speedy.com.pe; turimpe@turismoinkaiko.net; unitedmi@terra.com.pe; counter@vidatours.com

Planos - Quinta parte

N. tornou-se nosso incontestável líder nessa fase. Mais pé no chão do que eu, foi logo assumindo a missão de correr atrás da parte prática de pesquisar passeios, levantar custos, encontrar empresas, acertar valores e contratar pessoas.

Descobrimos um cara em La Paz que foi um achado! N., conversando com amigos de seu círculo social, soube dele e tratou logo de fazer contato, visto serem as recomendações vindas de pessoas ilibadas e confiáveis. E não foi nada diferente do que disseram, portanto fica a dica pra quem não quiser surpresas desagradáveis: Oscar Poma, um boliviano que fala português e que tem uma empresa de turismo em La Paz chamada Andes-Discovery. Sujeito muito divertido, além de confiável, extremamente honesto e profissional.

Contratamos quase tudo com ele. Na verdade a definição de nosso roteiro teve a crucial participação de sua experiência. Aliado a isso N., com as dicas desse pessoal que já havia estado lá, incluiu no plano passeios que depois se mostraram muito bacanas, e que sequer tínhamos imaginado. É o caso do downhill que fizemos de La Paz a Coroico.

Além disso descobrimos que viajar contratando uma empresa de turismo por lá pode ser muito mais barato do que viajando por conta própria. Encontramos brasileiros durante toda a viagem, que comentavam a respeito do preço das coisas. Com Oscar, com quem só não fechamos a trilha inca e o acesso a Machu Picchu, certamente ficou próximo do preço que gastaríamos viajando por conta, senão mais barato. Pelo volume de contratações e pelo número de contatos, ele tem possibilidade de barganhar com os hotéis e restaurantes de uma maneira inimaginável pra quem viaja solo.

Ficou tudo a cargo dele, trechos terrestres, entradas dos parques que visitamos, hotéis, refeições (exceto janta). Uma boa dica, vai por mim.

Planos - Quarta parte

No início, tudo em que pensávamos era o roteiro da viagem. Nós conseguimos uma proeza que dificilmente irá se repetir: com nove dias de férias no trabalho, conseguimos ficar DEZOITO dias viajando, porque emendamos finais de semana com os feriados de Tiradentes e do Trabalhador! E isso se deu por conta da antecedência no planejamento.

Não, eu não sou o Amyr Klink, ok... tá paranóico esse lance de planejamento nos posts, neah? Mas é que eu levei isso muito a sério, mesmo! Na minha opinião, só assim tudo saiu tão direitinho. Tem gente que acredita que aventura consiste em meter um mochilão nas costas e sair por aí sem rumo, sem um pacote de bolacha na matula nem um tostão furado no bolso. Olha, nem com o obstinado Alexander Supertramp isso deu certo! O planejamento é crucial, leve a sério. E tenha certeza de que sua aventura não será menor por conta disso.

Tínhamos certeza de coisas que queríamos conhecer. De cara concluímos que não daria tempo de visitar outros países, como Chile, pois ficaria ou muito corrido ou muito caro. Excluímos a idéia de visitar a capital do Peru também por conta disso, e o Pacífico ficou pra uma outra oportunidade. Mas o que mais deu dó foi nos conformarmos de que também não poderíamos visitar o Salar de Uyuni, pra evitar correria.

No plano piloto constavam os seguintes passeios:
  • Trem da morte;
  • Salar de Uyuni;
  • Cochabamba;
  • La Paz;
  • Lago Titicaca;
  • Lima;
  • Cuzco;
  • Caminho Inca;
  • Machu Picchu.
Como as datas já estávam definidas, precisávamos encaixar os destinos de modo a fazer um percurso prático, pra podermos aproveitar sem que nada ficasse corrido. Era pra ser prazeroso e não aflitivo! Por esse motivo, eliminamos o trem da morte e suas vinte e duas horas previstas de Puerto Quijarro até Santa Cruz de La Sierra. Optamos por ir de avião, até porque achamos uma passagem da Gol Campo Grande - Santa Cruz - Campo Grande por 350 lascas o que, convenhamos, é bem dizer de graça!

No último momento, e com dor no coração, descartamos também a visita ao deserto de sal. É muito afastado de La Paz, e consumiria um tempo precioso de deslocamento. Cochabamba foi suprimida porque não oferece muitos atrativos turísticos. Então definimos assim:

  • Campo Grande - Santa Cruz de La Sierra (avião);
  • Santa Cruz - La Paz (ônibus);
  • La Paz - Cuzco (ônibus);
  • Cuzco - Km 82 (trem);
  • Km 82 - Machu Picchu (caminho inca, a pé);
  • Pernoite em Águas Calientes e mais um dia em Machu Picchu;
  • Águas Calientes - Cuzco (trem);
  • Cuzco - Puno (ônibus);
  • Puno - Copacabana (ônibus);
  • Copacabana - La Paz (ônibus);
  • La Paz - Santa Cruz (ônibus);
  • Santa Cruz - Campo Grande (avião).
Mas, com todo o nosso planejamento, não foi bem isso que aconteceu! Explico em posts futuros!

Planos - Terceira parte

Depois que passei a trabalhar a idéia de maneira concreta, tive um impulso que talvez muita gente venha a ter quando começar a planejar a própria viagem: sair comprando equipamento, roupa especial, apetrechos e quinquilharia de camping.

Bom, a menos que você seja filho (ou neto) do Antônio Ermírio de Moraes, controle-se. Você vai precisar de muito menos coisa do que possa imaginar. Com base na nossa experiência pessoal, e levando em conta o que li de outras pessoas que foram, fiz a lista a seguir. Exceto obviamente pelo que é de gosto estritamente pessoal, é tudo que você verdadeiramente precisará na sua viagem!
  • Um bom calçado. Parece simplista, mas faz diferença. Pesquise com carinho, especialmente se for fazer a trilha inca. O terreno é bem agressivo, cheio de pedras, e não é qualquer conga que te leva até o fim. E compre com pelo menos um mês de antecedência, pra poder usar bastante antes da viagem, a fim de lacear. Acredite, FAZ diferença. Não vou aqui puxar sardinha pra marca, nem te dar dicas de modelos, porque lá você vê de tudo, e todo mundo chegou em Machu Picchu. No nosso grupo tinha uma boa variedade de modelos. Eu comprei uma bota Caterpillar de cano alto, impermeável, bastante resistente e confortável. As meninas estavam usando Timberlands, e N. estava com uma bota tática cuja marca desconheço, mas muito boa também. A qualidade do calçado é essencial pra não te arrebentar o pé. Na subida o calcanhar sofre, e na decida a unha do dedão vai sendo pressionada contra o bico da bota. Portanto está aí a dica: um bom calçado, já usado e laceado, e boas meias de algodão que absorvam o suor;
  • Repelente de insetos;
  • Protetor solar;
  • Lanterna. Levei minha Maglite, velha companheira de muitas aventuras! Uma guerreira, sem sombra de dúvida. Mas se você vai comprar agora, e especificamente pra viagem, compra daquelas de prender na testa, tipo mineiro. Os guias por lá são unânimes nessa escolha, pois ter as mãos livres é interessante em muitos momentos.
  • Máquina fotográfica. ÓBVIO! E pilhas carregadas. Eu levei uma Sony simples, daquelas cyber-shots, e dois pares de pilhas da mesma marca, recarregáveis. Duraram os quatro dias da trilha tranquilamente. Mas a sua máquina deve ser a bateria, então tem que testar pra ver se uma só dura o suficiente. Ah, e não esqueça do cartão de memória, porque você vai querer trazer MUITAS fotos e videozinhos!
  • Pelo menos um livro. Eu levei o "On the Road - Pé na estrada", do Jack Kerouac, que bateu bem com meu espírito naquele momento. Mas ó, aqui falando especificamente sobre a trilha, eu não recomendo que você leve livro. Nem baralho, dominó, joguinho, nem nada pra “matar o tempo”. A trilha cansa pra caramba e quando você chega no acampamento, só quer saber de capotar e dormir!
  • Capa de chuva. Nós não usamos, mas é obrigatório levar, por precaução. Uma daquelas descartáveis de plástico, tipo poncho, é o suficiente. Eu levei uma da Nautika, de PVC. Não vou dizer que é ruim, mas a mim não se adaptou... sou motociclista, e experimentei pilotar por aqui, antes de viajar. A parte de baixo rasgou na vestida! O PVC é muito rígido, o que torna o troço desconfortável e pouco prático, tanto pra vestir quanto pra guardar na mochila. Acabei comprando em La Paz uma calça impermeável, marca Campmor, de usar por cima da roupa, excelente. Custou cinquenta dólares, mas certamente vai durar a vida inteira! Só me arrependo de não ter comprado a parte de cima também, da mesma marca e tecido...
  • Como sou meio hipocondríaco, levei uma pequena farmacinha, prevendo qualquer eventualidade. Band-aid, Aspirina, descongestionante nasal (minha rinite me incomoda sempre), Plasil, anti-ácido, Imosec, Diclofenaco, manteiga de cacau. E lá você encontra as famosas Soroche pills, cujo efeito depende em cada caso. Na trilha a equipe da empresa que te acompanha leva gaze, mertiolate, oxigênio e tudo o mais pra uma eventual necessidade de primeiros socorros.
  • Uma boa mochila. Apesar de por lá você achar muita coisa, a qualidade muitas vezes é duvidosa. Eu comprei uma Trilhas e Rumos modelo Crampon 77 Tech. Marca brasileira, mas "made in China" (aliás, hoje em dia o que NÃO é?) com excelente acabamento, muito bonita e resistente. Pra mim foi um excelente custo-benefício!
  • Um saco de dormir bem quente. As noites na montanha são frias, esteja preparado. Eu levei um edredon comum. O ruim pra mim é que era um tanto mais pesado do que um sleeping bag. Mas me atendeu bem. Lá eles fornecem o isolante térmico, pra colocar no chão da barraca. Além disso eu dormi com meias grossas de lã, calça de lã por baixo do jeans, moleton e luvas, e um gorro protejendo as orelhas. No nosso grupo todo mundo se equipou meio parecido. E todo mundo, em algum momento, passou um pouquinho de frio! Portanto escolha seu saco de dormir e a roupa de frio com carinho! Se você tiver grana pra comprar essas coisas próprias de acampamento, tipo anorak e tudo o mais, melhor pra você. Tem coisa por aí muito boa, que te proteje do frio e que não pesa muito. A roupa de frio foi o que mais pesou na minha mochila, e o peso tem que ser MUITO levado em consideração no que diz respeito à trilha. O saco de dormir também é legal dependendo do hotel ou albergue em que você for ficar, porque aqueles cobertores das camas parecem nunca saírem de lá...
  • Além disso itens pessoais, como roupas, escova de dentes, papel higiênico, etc. Pra trilha, arrume sua mochila com critério pra não levar muito peso. Eu levei quinze quilos e sofri bastante pra carregar! E pior, quase nada foi de utilidade, além das coisas que citei.

Na fase de planejamento eu fiquei um tempão atormentado com a questão o que levar e o que não levar. Hoje posso te dizer com absoluta segurança: nada. Isso aí, você me entendeu. Não precisa levar do Brasil absolutamente nada, se você não quiser (exceto o calçado e a mochila, já expliquei o porquê). Quero dizer, não precisa comprar equipamentos e itens mirabolantes, tipo fogareiro, panela de camping, binóculos, pederneira, isolante térmico, barraca, etc. O custo Brasil, todo mundo sabe, é absurdo. Se eu pudesse voltar atrás, faria essa parte do plano de uma forma totalmente diferente. Tudo que comprei no cartão de crédito, à prestação, eu deixaria pra comprar lá. Então junte sua grana, e leve dólares. Em Santa Cruz tem feiras que vendem vestuário muito barato, e tanto em La Paz quanto em Cusco tem lojas pra todo tipo de equipamento, inclusive para locação.

Planos - Segunda parte

Existem várias maneiras de chegar a Machu Picchu. Nós optamos pela que consideramos a mais emocionante, que é chegar a pé, através do caminho inca. Claro, você pode optar pela comodidade do trem, mas pense... qual é a graça?

Ok, ok, cada um com sua idéia. Independentemente do roteiro que você pretende fazer, a primeira coisa que você tem que pensar, se for fazer a trilha, é que você precisa fazer a reserva com antedência. E eu recomendo MUITA antecedência! Isso porque o caminho inca é muito procurado, por pessoas do mundo inteiro! E o governo do Peru tem um controle muito grande sobre tudo que acontece na área englobada pelo sítio arqueológico de Machu Picchu. Muitos brasileiros devem pensar, como eu pensava, que nossos vizinhos sulamericanos são uma baita bagunça! Acredite, deixe o preconceito de lado e espere pra ver: pelo menos no que diz respeito a Machu Picchu, eles são EXTREMAMENTE organizados. Nunca estive num país rico, mas pra mim aquilo é um alto padrão de gerenciamento. De modo que, se você não reservar seu lugar na trilha, balaio. Perdeu, não vai conseguir fazê-la. A não ser que, numa sorte escatológica, você consiga a vaga de um desistente.

Dos detalhes que precisam ser acertados com antecedência, merecem destaque os mais simples e os mais óbvios. O mais simples: tomar vacina contra febre amarela pelo menos dez dias antes do embarque. Eu tomei gratuitamente num posto de saúde. Depois, com a carteirinha que lá me forneceram, visitei a ANVISA no aeroporto internacional e lá me deram a que tem validade no estrangeiro. Simples assim, e de graça assim, exceto pela gasolina que gastei. O mais óbvio: tirar o passaporte na Polícia Federal. E não é chegar lá e dizer "bom dia, meu nome é Zé Arruela e vim tirar meu passaporte"! Você precisa fazer um cadastro na Internet, e em seguida agendar o dia em que irá comparecer lá para os procedimentos complementares. O meu agendamento ficou pra vinte dias depois do meu cadastro, portanto não vá se enrolar com um detalhe tão besta.

De resto, daqui em diante, vou falar sobre os detalhes do nosso planejamento.

Planos - Primeira parte

A primeira preocupação que me incorreu foi a questão financeira. Se eu realmente fosse executar meu plano de ir pra Machu Picchu, quanto será que gastaria?

O fato é que eu nunca havia feito antes uma viagem tão grande, exceto em companhia familiar (visto "paitrocinadas"). Moro perto da fronteira e, portanto, já havia visitado Paraguai e Bolívia. Mas aqui tão pertinho! Nunca tinha estado de verdade em um país estrangeiro, com esse negócio de passaporte e tudo.

Comecei a pesquisar preços de passagens, de equipamentos, de vestuário, entre outras coisas. Conclui muito rápido que o custo não seria uma exorbitância, que era acessível e cabia no meu bolso. Na verdade os países que eu pretendia visitar - Bolívia e Peru - são relativamente baratos para nossa moeda melhor valorizada.

Passei então para um outro desassossego: meu inglês é fraco. Meu castelhano é pior ainda! Como vou me virar sozinho? Foi então que surgiu N., que topou de cara a empreitada, o que me tranquilizou. Em seguida ele convenceu as meninas... e a coisa deslanchou!

Prólogo - O esboço da idéia

Era uma tarde de... 2006, talvez? Já não me recordo mais. Desde moleque, em conversas de colégio, o assunto algumas vezes surgia. Seria muito bacana, todos concordavam. Mas poucos segundos depois o papo já estava voando em outra direção. Na minha cabeça eu mantinha a idéia por um tempo mais: seria possível algum dia?

Anos depois... seria 2007? Amigos conversavam. O assunto era "férias". Logo em seguida passou a ser "destinos bacanas". Depois "destinos únicos". Após, "sonhos". Eu mencionei Machu Picchu, e mais uma vez o consenso: realmente seria muito bacana, um sonho mesmo. Dessa vez o pensamento que me veio foi de resolução: um dia eu VOU pra Machu Picchu!

Foi a partir daí que comecei a amadurecer a idéia. Pesquisei muito na Internet, peguei na biblioteca livros sobre o Peru, li alguma coisa sobre o império inca... e permaneci determinado. Pouco tempo depois passei para a fase do planejamento, que durou praticamente um ano completo. E ler os planos de outras pessoas, descobrir como elas conseguiram realizar seus sonhos, me incentivou a redigir esse material.

É isso que vou compartilhar aqui, com quem tiver interesse. Espero ajudar.

Acredite no seu sonho!



Bergo